Na perspectiva do demógrafo Mário Leston Bandeira, o nosso declínio demográfico tem a ver com a incapicidade de o país criar empregos e dar oportunidades aos mais jovens, de modo a que possam casar e constituir família. Dito de outra maneira, o nosso declínio demográfico é menos o problema do envelhecimento e mais o problema do desemprego. O que quer dizer que é também declínio social, devido ao elevado desemprego juvenil e á idade com que os jovens conseguem o primeiro emprego. As alterações profundas no acesso á idade adulta mostram que o país perdeu dinamismo.
A nossa população ainda não começou a diminuir, como já aconteceu no Japão, Alemanha, Rússia e na generalidade dos países do Leste Europeu.
A nossa situação está cada vez mais desequilibrada, porque o nosso país está hoje com 1,3 filhos por mulher, tem 18% da população com mais de 65 anos e apenas 15% com menos de de 15 anos. E se a vaga de quase meio milhão de imigrantes dos últimos anos não tivesse acontecido, a natalidade estava ainda mais baixa. As restrições orçamentais que vamos ter nos próximos anos, com cortes nos apoios às famílias - que já começaram - e ameaças à sustentabilidade dos sistemas de segurança social e de saúde, poderão mesmo agravar o nosso declínio demográfico.
Há uma grande transformação em curso em Portugal: a região com maior fertilidade já não é o Norte mas o Sul - Algarve e Lisboa. Ou seja, "a queda da natalidade está associada à falta de desenvolvimento no Norte do país e nas regiões do interior", afirma o investigador do ISCTE, acrescentando que em Portugal, a maternidade é uma esécie de estigma tremendo para as mulheres com salários mais baixos, devido a uma certa falta de consciência social e de egoísmo dos empresários e da sociedade em geral.
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